quarta-feira, 15 de maio de 2013

A peça que a vida nos prega heim pai?

 Um pouco mais de um mês atrás foi-se da minha vida uma pessoa muito especial, fazia tempos que não escrevia nesse blog, mas voltei a sentir a necessidade de escrever e deixar um pouco do que eu senti e sinto quando ainda me toca esse assunto.

Em um dia comum, aparentemente normal com a mesma rotina, eu saindo de casa com alguns amigos indo à aula quando olho para meu celular e lá estão duas chamadas perdidas do meu pai- para ele estar me ligando a coisa deve estar preta mesmo, afinal não somos muito de falar ao telefone- retornei e quem me atende é um dos donos da empresa que ele costumava prestar serviços. Já senti que algo de errado havia acontecido, o moço querendo embromar e eu soltei um: _ Fala logo o que aconteceu!
_ Seu pai veio a falecer essa manhã.

  Não vou dizer que meu mundo caiu, na verdade eu não consegui digerir a notícia; chorei, mas não de tristeza, chorei, mas parecia que era algo q eu devia fazer... apenas chorar. Estava eu com aquela notícia rodeada de amigos a me amparar, mas todos sem saber o que fazer com aquilo e eu muito menos.
Pensei, pensei e nada me saia, mas tive sorte e muita sorte de ter pessoas, aqueles que chamo de amigos junto a mim, agradeço a Lucas (Lady), a Valquíria, o Thi, a Lis e ao Alexandre que foram peças chaves para me amparar naquele momento, não esquecendo dos outros amigos da vila.

Não queria voltar a São Paulo, onde aconteceu o ocorrido, pois lá estava o "problema" eu queria ficar bem longe disso, como se não fosse comigo, queria sumir, dormir por mil dias e só depois que tudo acabasse eu voltar a realidade, mas o pior seria que mesmo dormindo tudo isso quando eu acordasse eu teria os mesmos problemas a enfrentar. Como já disse antes... a vida é um círculo, se não ultrapassarmos o problema um dia voltaremos ao mesmo.
Mesmo não querendo voltei a São Paulo o  Alexandre e seu pai vieram me buscar, que por sinal fico muito grata a eles por terem se disposto a sair de São Paulo para vir me buscar em Sorocaba, voltei com medo do amanhã, com medo do que seria daqui para frente.....
Cheguei em casa haviam muitas pessoas, não era uma festa, ou talvez fosse, pois um amado estava chegando aos céus...
Minha mãe e irmã ainda não haviam chegado, todos me olhavam com uma cara de "what?", de.... pq vc não está chorando? Nem eu sabia explicar, eu estava em paz, calma... difícil de acreditar para aquela ocasião, mas era assim que eu estava, até eu estava com medo de mim mesma, com medo de tanta calmaria.
E assim foi, minha irmã e mãe chegaram, todas com a cara inchada de choros, isso sim me tocou; chorei... Mais uma vez chorei pelos outros, chorei por pensar do que seria minha mãe que dedicou tantos anos a aquele relacionamento e ele havia se acabado daquela forma. Era um momento tenso.
Decidimos em família levá-lo para a terra natal dele, lá seria velado e enterrado. Uma viagem triste e cansativa.
Chegamos lá a família toda reunida e eu com a mesma aparência…calma. Ouvi cobranças de minhas lágrimas. Poxa! Eu não tenho direito nem de não chorar?
Mas como tudo na vida é perfeito, até isso foi perfeito; de que serviria uma desesperada naquele momento se minha mãe passava mal toda vez pensava muito sobre o assunto? Nessas horas a gente descobre força de onde não sabia mais que existia, descobrimos que somos muito mais do imaginávamos. Descobri que o desespero que costumava tratar problemas que eu achava que eram problemas, hoje já não faze nenhum sentido, nem o problema e nem o desespero.

Em seu enterro eu orei e sorri, ele era meu anjo, meu amado pai-anjo. Sei que ele estava comigo, não naquele caixão, mesmo que as marcas do tempo estavam ali estampadas em seu corpo, em seus dedos. Que peça você nos pregou heim vida?

Voltamos a São Paulo e estamos vivendo casa dia um novo dia, cada dia uma descoberta. Estamos aprendendo, descobrindo finais de semana sem o SR. João ir lavar o carro pela manhã, sem ele me levar ao culto pq eu me atrasei me arrumando, sem ele pedir para minha mãe atrasar o almoço pois minha irmã ainda não havia chegado do estágio.
Tudo muda, muda tudo, todo o rumo do rio agora segue para desembocar em outro lugar. Me dói demais ver meus cachorrinhos esperando na janela o Joãozinho chegar do trabalho, me dói ver o quanto de peso eles estão perdendo por sentir sua falta. Ah como estamos sentindo…
Podem ver o que se passa em meus olhos, mas só eu sei o que se passa em minha cabeça quando a deito no travesseiro, sinto tanto a sua falta. E de repente tudo começa a fazer falta; penso em te ligar para ver se vai me atender, como se tudo isso fosse uma mentira, mas sei que isso não vai acontecer.
Paro para me lembrar de quando me ensinou a andar de bicicleta, de quando brigou comigo por eu ter me decepcionado com alguns amigos e sinto tanto pq não poderei tê-lo em meu casamento ou mesmo ver meus filhos crescerem, minha formatura... sinto tanto meu pai.
Não tenho remorso, pois sei que fiz o que pude fazer, mas chega até a ser egoísmo, sinto por não poder te ter mais junto a mim compartilhando de minhas felicidades, nossas felicidades. Mas sei, e prefiro pensar que estas junto a mim, não da forma que eu gostaria, mas estas...
A gente aprende com tudo, agora alguns problemas que levava em consideração são para mim inúteis, algumas pessoas em minha vida que me desgastava não mais tem importância. Os rumos são outros, os planos mais vivos e mais sangue nos olhos. Te levarei pra sempre comigo, me adaptando a cada segundo a essa nova fase; não digo que não tenho medo, tenho sim, muito medo, mas a vida é bela e eu sou bela diante dessa vida, assim seguirei.